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Mostrando postagens de fevereiro, 2019

NENHUM PRESIDENTE É UMA ILHA

Danilo Sili Borges Diz-se que ninguém é mais solitário que um líder ao ter que tomar decisão importante que afete seus liderados. Será verdade? John Donne (1572-1631), poeta inglês, em suas Meditações XVII, cunhou duas frases que vararam séculos: “por quem os sinos dobram“ tornou-se título do best-seller de Hemingway. A outra, “nenhum homem é uma ilha”, é ditado que dispensa interpretações. Pode-se inferir, sem esforço, que nenhum presidente, que nenhum líder político de nenhum país, toma suas decisões no isolamento do gabinete ou na consulta silenciosa ao travesseiro. Essa afirmação tem lugar a partir das recentes ocorrências relativas à interferência do filho do Presidente quanto à fidelidade de um ministro de estado, situação que suscitou celeuma. Deveria o chefe da nação tê-la aceitado em suas decisões, dela subsidiando-se explicitamente? Cabem aqui algumas reflexões. Lembremos que Bolsonaro em todo o percurso até o Planalto trouxe consigo sua família, filhos e esposa

BOLA, GUITARRA E CAMISA DO FLAMENGO.

Danilo Sili Borges Estávamos recém-chegados a Brasília, jovens contratados pela UnB para compor a equipe que veio montar sua Faculdade de Tecnologia. Nossas mulheres engravidando do primeiro filho quase ao mesmo tempo. Nos anos sessenta não havia disponível a ecografia que tira a graça da espera para saber o sexo do bebê, testando nomes para meninos e meninas. Lembro-me bem quando meu colega de trabalho, amigo e vizinho de bloco, Irapuã, bateu cedo à minha porta para, eufórico, dar a notícia de que tinha nascido seu filho, um garoto, forte, perfeito. Com seu humor de carioca gozador, me disse: “Vou sair, hoje, para garantir o futuro do Junior. Vou comprar uma bola, um par de chuteiras, a camisa do Flamengo e uma guitarra. Se ele não der para nada vou ver se ele estuda.” Irapuã Junior não “deu pra nada”. Como o pai é engenheiro. É doutor em engenharia elétrica. Classe média. A gozação bem humorada do meu amigo já antecipava o que viria a ser o sonho dourado dos garotos, prin

ABERTO OU FECHADO?

Eng.Danilo Sili Borges A pior vergonha, aquela que mais nos ruboriza, é a que sentimos por desempenho repugnante do alheio. Curioso, não? Há situações tão vexatórias que, demonstrando a pequenez do espírito humano, mesmo que não sejamos nós que estejamos protagonizando o ato vergonhoso, nos atinge como seres humanos, por pertencermos à mesma espécie daquele que a pratica. Para que, a este, aceitemos como um igual, temos que apelar para as malhas largas e lenientes das prescrições saudáveis dos Direitos Humanos. A regra democrática para qualquer eleição é o voto secreto, árdua conquista entre nós brasileiros. Um país com 200 milhões de habitantes escolhe 81 cidadãos para representá-lo no Senado, com custo altíssimo. O que deles se espera? Que sejam coerentes com os valores básicos da sociedade e com a plataforma de princípios e ações que apresentaram quando pleiteantes ao cargo. E o cidadão acredita, aceita o aperto de mão, a batidinha nas costas e o pedido de preferência. E v

ENGENHARIA É COISA SÉRIA

Eng.Civil Danilo Sili Borges Há muitos modos de aprender. Alguns podem dar prazer, serem até divertidos. Outros podem ser extremamente dolorosos. Lembro-me do meu velho avô português, alertando-nos, seus netos, ao citar ditado simples da sua terra no Alto Douro: “Se a cabeça não pensa, paga o corpo”. Não usar a cabeça pode custar vidas humanas, impactar a natureza de largas regiões, mostrar a todo o planeta a cara dos aprendizes relapsos. Nos últimos tempos, a engenharia brasileira tem sido mais lembrada por seus problemas do que por seus sucessos. Viadutos desabam, barragens se desfazem e arrastam consigo vidas humanas e tantas outras vidas que formam a cadeia da VIDA. Isso tem causas. Cabe a pergunta: onde está a engenharia que construiu Itaipu, Tucuruí, a Ponte Rio Niterói, as centenas de milhares de quilômetros de uma malha rodoviária que rasgou florestas, montanhas e pântanos. Onde está a engenharia dos irmãos Rebouças, com seus túneis e sua ferrovia Curitiba-Paranaguá;