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Mostrando postagens de março, 2019

O HOJE É UMA PLANÍCIE

Por Danilo Sili Borges A quantidade e a velocidade com que circulam as informações são tão grandes que não chegam a ter oportunidade de nos impactar profundamente. Tudo nos atinge numa espécie de ricochete. Ao sermos alcançados por notícia boa ou má, com potencial para nos afetar, antes mesmo de a absorvermos e deixar que nos toque a emoção, outra já se apresenta de tal modo que a anterior perde a primazia e tem seu impacto, pelo menos, atenuado. E passamos os dias a borboletear atrás do nada. Não conseguimos tempo hábil para segurar um acontecimento, considerá-lo por todos os ângulos, o penetrarmos com perspicácia, entendermos as suas sutis relações com outros e quais interesses podem estar em jogo, para então o descartarmos ou, se for o caso, o arquivarmos na memória, juntamente com a análise feita e com as emoções que porventura tenha despertado. Tudo agora é tão direto que lhes não sentimos o sabor. Não valorizamos os acontecimentos. Cultivamo-los menos, sofremos menos. O

DANÇANDO CHEEK TO CHEEK

Por Danilo Sili Borges Os últimos dias foram férteis para apreciadores e cronistas desse maravilhoso e inigualável 8 milhões de quilômetros quadrados. A pancada recente para nocautear a Operação Lava Jato provocou imediata reação, mostrando sua vitalidade e adaptação aos ataques, diga-se de passagem, para grande alegria de 99,99% dos brasileiros. O 0,01% de insatisfeitos são 11 + alguns políticos e empresários envolvidos em corrupção e seus advogados. Outro assunto que tomou conta do noticiário foi a primeira viagem internacional do presidente. Para estreia, o país escolhido foi os Estados Unidos, sabidamente objeto da maior admiração do nosso líder. A importante visita permite agora inúmeras leituras: a diplomática, a afetiva, a comercial e a de assuntos não correntes nesse tipo de acontecimento, como danças e relações familiares. Vamos às análises. Começo com a afetiva, com um trecho das palavras do ministro Paulo Guedes na sua magnífica apresentação na Câmara de Comérc

A CRÔNICA INACABADA

Por Danilo Sili Borges O texto que estava preparando para a crônica não chegou a ser concluído. Na última quarta-feira, como sempre bem cedo, comecei a elucubrar sobre o tema para domingo. Não foi difícil deparar-me com um fato que viria a ocorrer em breve, da maior expressão por ser global, cósmico, recorrente. Que nos afeta a todos e que para sua perfeita explicação contou com a expertise de um dos maiores gênios que a Humanidade já produziu, Sir Isaac Newton (1643/1727). Refiro-me ao Equinócio de Outono que ocorrerá impreterivelmente no dia 20 próximo, quarta-feira, às 21h58, queira ou não o Diário Oficial da União. Previsão feita pela Lei da Gravitação Universal baixada pela Natureza, em data desconhecida e muito antiga, mas compreendida pela primeira vez pelo citado físico e matemático. Pelo que se sabe, a lei não passou pela CCJ, não foi motivo para acordo entre bancadas e de negociações claras como o sol, ou escuras como a noite, de que trata o mencionado equinócio, ta

OS EXCESSOS PREJUDICAM

Danilo Sili Borges Aos poucos vou ouvindo falar menos no “politicamente correto” que infernizou nossas vidas durante os últimos anos. Não se podia usar o pronome eles , referindo-se a todos, eles e elas , como secularmente se têm feito em nossa língua, sem com isso querer desmerecer o feminino. Era preciso especificar em cada pronunciamento “mulheres e homens presentes” e não da forma mais elegante e concisa “aos presentes”, pois o orador seria taxado de machista. Uma chatice. Os componentes da raça negra não poderiam ser referidos por pretos, como sempre o foram, sem nenhuma conotação pejorativa, que lá vinham reprimendas éticas, sociológicas e semânticas, que contrariavam o nosso falar diário. O cume desse movimento foi atingido quando a presidente, que exigia ser tratada de presidenta – termo dicionarizado a martelo – inventou a classificação de “mulher sapiens”. Sem comentários. Surge, neste pós-carnaval, outra praga. A da moralidade explícita, facilitada pelas redes soc

HOJE É CARNAVAL

Danilo Sili Borges O Brasil é bem conhecido por dois fenômenos populares, o futebol e o carnaval. Nenhum deles nasceu aqui, ambos foram recriados por este povo, que amalgamou qualidades, alegrias e tristezas atávicas de suas múltiplas origens. Povo mestiço, homens e mulheres que parecem talhados em bronze e que dão cor e ritmo a essas manifestações e a tantas outras que eles vão recriando e nacionalizando, não atendendo aos apelos do pedantismo, que tantos anos após sermos uma nação e um povo, ainda insistem em nos europeizar. Um só exemplo: em que outro lugar do mundo se pode falar do sovaco do Cristo com tanto respeito? Sobre futebol, apenas 2 linhas. Os ingleses o fizeram aportar por aqui há mais de cem anos. Chegou com calções pelos joelhos, cinturas rígidas e choques corporais duros, impactantes. Nós devolvemos ao mundo um esporte gracioso, uma dança. Eles aprenderam com os nossos artistas e continuam aprendendo, por isso, os levam ainda jovens para suas equipes. Doloroso