Crônicas da Madrugada

Por Danilo Sili Borges O Brasil é um país em que se aposta pouco. Não temos as casas especializadas, como na Inglaterra, onde se aposta desde qual será o sexo do príncipe em gestação, até qual será o nome a ser escolhido para o bebê. Por aqui, o grande vencedor das apostas é a Caixa Econômica que recolhe semanalmente muitos milhões dos brasileiros com a Mega e similares. Aos domingos, torcedores apostam caixas de cerveja, no boteco de preferência. Ao final do jogo, vencedor, perdedor e demais presentes tomam as geladinhas numa confraternização, na qual é esquecido se o Flamengo venceu ou perdeu. Hoje, está se dando a grande aposta política do atual governo federal. A convocação para manifestações em todas as grandes cidades do país por parte dos apoiadores do governo pretende mostrar a seus opositores situados na imprensa, no congresso e nos tribunais superiores, que o Executivo tem apoio popular para sair do canto do ringue em que o colocaram e impor modificações substantivas

Por Danilo Sili Borges Pode parecer contrassenso falar de casas velhas numa cidade que mal completou 59 anos. Onde tudo é novo, corre-se o risco do envelhecimento se dar precocemente. O pior é que na busca do moderno, da última moda, ótimas residências estão sendo descartadas. Num curto período de dois ou três anos, só no conjunto em que moro (para os não brasilienses, conjunto é uma pequena rua, com única entrada, onde se distribuem os lotes das zonas residenciais Lago Norte e Lago Sul), que conta com 22 casas, três já foram demolidas. As duas primeiras deram lugar a outras moderníssimas. A terceira vítima tem seu sacrifício em andamento e foi o que me trouxe a este texto. As cidades se renovam, quer pelo crescimento populacional, quer pela pressão da especulação imobiliária. Ambos impõem o adensamento da malha urbana. Por isso, casas com grandes quintais foram ao chão para dar lugar a edifícios e condomínios com blocos com 12, ou 15, ou mais andares, em todas as nossas grandes

Por Danilo Sili Borges As instituições são criadas com objetivos específicos. A Associação dos Calvos se reúne para cuidar do interesse daquela parte da população desprovida de cabelo. Os estatutos preveem medidas para protegê-los de discriminações. É do interesse dos associados estimular a indústria a criar boinas e bonés protetivos da pele sensível das calvas. Podem também organizar seminários para definir se cabeças mais brilhantes são mais atraentes; se é preferível mantê-las totalmente raspadas ou conservar a penugem que insiste em continuar a nascer na proximidade da nuca e junto às orelhas. Os jovens, que ainda não aceitaram o irremediável, formam grupo de estudo para verificar se é verdadeira a afirmação, “que é dos carecas que elas gostam mais”. Há poucos dias, noticiário da TV mostrou torcedores do Palmeiras se digladiando a pauladas, com outros torcedores do mesmo clube. Certamente havia motivos, além-futebol, para a desunião. E é sobre isso que se assenta esta crônica

Por Danilo Sili Borges Escrevo este texto em 1º de Maio, Dia do Trabalho. As relações do homem com o trabalho ao longo dos tempos, principalmente após o advento da Revolução Industrial, têm sido objeto de estudos, discussões, teorias e revoluções, então já tínhamos vencido a mancha do escravismo. Lembro-me que no início da década de 1980, fui distinguido por uma turma de formandos em Engenharia como paraninfo. Preparei o discurso com os aconselhamentos adequados aos jovens que logo estariam nas lides profissionais. Pelo fato de serem engenheiros, teci argumentos sobre a influência da tecnologia nas relações capital-trabalho. O momento festivo dava-me a certeza de que não era o propício para que a mensagem perdurasse, mas senti que, aquele último contato, era adequado para deixar reflexão sobre trabalho e produção realizada por prisma menos conflituoso que o então em voga.   Na procura por modos pacíficos nas relações trabalhistas, acabara de ler a Encíclica Elaborem Exercens