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Mostrando postagens de abril, 2019

APRENDIZ DE BARBEIRO

Por Danilo Sili Borges O ensino, diria melhor, o aprendizado tem mudado muito ao longo do tempo. Antes era do tipo mestre-aprendiz, cujo símbolo era o rapazinho que pretendia dominar o ofício de barbeiro, numa época em que não havia cursos regulares para cabelereiros no SENAC. O garoto ficava junto à cadeira do profissional e se deslocava em sentido oposto ao deste de modo a não atrapalhá-lo, com atenção, observando as técnicas utilizadas. O mestre-profissional, aos poucos, ia contando os segredos dos cortes e das sutilezas de cada tipo de cabelo: crespos, lisos e finos, rebeldes, os que têm rodamoinho. Mas até então, nada de tesoura e pente. E as barbas, então? Quando era raspagem geral tudo bem. Mas as costeletas e os cavanhaques em pera? A curiosidade do aprendiz era crescente e era acompanhada pela vontade de pôr em prática a tesoura de segunda-mão que tinha comprado. Praticar era preciso. A oportunidade surgiu com a necessidade de um amigo de vizinhança, que, sem grana,

MAIS BRASÍLIA É MAIS BRASIL

Por Danilo Sili Borges Há 59 anos que a Rádio Corredor dá em primeira mão, oficiosamente, as notícias do governo que, mais dia menos dia, serão oficiais. Na última semana, começou a circular na Esplanada dos Ministérios um papo de “menos Brasília e mais Brasil”, saído, segundo dizem, da boca de autoridades significativas. Por aqui, qualquer coisa que expresse negatividade em relação à cidade faz arrepiar os pelos dos seus cidadãos, em sinal de alerta. Sagaz, o brasiliense percebeu que essa tentativa de ideia-força traduz a vontade de que sejam levados recursos e decisões para estados e municípios, ponta do sistema administrativo, sangue e cérebro para revitalizá-los. Os governantes têm sempre o intuito de manter os extremos de todos os fios do poder em suas mãos. Entre nós, isto é assim desde a época das longas barbas, quer no Império, quer na República, com o venerável Marechal Deodoro, a partir de 15 de novembro de 1889. Ao que parece, começa a vicejar a feliz possibilidade da

PARA UMA REFORMA POLÍTICA

Por Danilo Sili Borges Imagine a cena: você chega ao aeroporto para uma longa viagem. Digamos, atravessar o Atlântico, destino Paris. No finger, posicionado um Boeing ou um Airbus, desses de 300 ou mais lugares. Embarque autorizado. Todos se acomodam após a arrumação da bagagem de mão e então os passageiros são informados que a tripulação já se encontra a bordo, tomando contato com os instrumentos que serão usados durante o voo. Na realidade a tripulação nunca conduziu um teco-teco, um ultraleve. O máximo que o comandante fez, nas lides aeronáuticas, foi falar sobre aeromodelos num clube de amigos. Mas você pode ficar tranquilo, o comandante foi eleito democraticamente. Afinal, o grande equipamento de voo tem computadores de bordo, indicadores de todos os tipos: pressão, temperatura externa e interna, radares e o tal transponder , que, segundo dizem, é verdadeira maravilha, além do controle de terra que orienta a viagem em tempo real. E você pensa nisso e se acalma – com essa

SOS EDUCAÇÃO

Danilo Sili Borges O texto que estava preparado para este domingo não será postado hoje. Acordei preocupado com as medidas que deverão ser tomadas na educação do país na semana que se inicia e resolvi escrever este.   É óbvio que a tentativa inicial do governo para essa área falhou e que não dá para continuar com remendos. Como alguém que viveu a maior e a melhor parte da sua vida em instituições de ensino, sinto-me autorizado a levar aos que pacientemente leem esta crônica a minha análise, diagnóstico e até tratamento para a nossa combalida educação. A grande batalha ideológica entre nós não se dá no parlamento, nas ruas, na porta das fábricas. Ela é travada covardemente num campo de batalha cheio de crianças, meninos e meninas, jovens enfim. Todos sabem que é nas escolas que sub-repticiamente vão se impingindo ideologias cujo objetivo é a formação de massas de manobra para esse ou aquele credo político ou religioso. Não estou aqui defendendo ou acusando essas ou aquelas