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Mostrando postagens de agosto, 2019

PAREM DE ATIRAR CRIANÇAS DA PONTE

Por Danilo Sili Borges Organizações humanitárias internacionais apelam, cotidianamente, pela TV, à boa vontade de cidadãos de todo o planeta, solicitando uma unidade monetária, por dia, para suas ações ao redor do mundo. E mostram flashes da miséria que persiste em existir neste canto do universo. Ouvi, em palestra de companheiro rotariano sobre seu sentimento como agente ativo em ações humanitárias desenvolvidas pela instituição da qual é associado: “É como se estivéssemos à margem de um rio, sobre o qual existisse uma ponte e dela continuamente atirassem crianças indefesas, e nós corrêssemos para salvá-las, apressadamente, pois outras já estavam sendo jogadas. Isso dia após dia e sabendo que só a algumas conseguiríamos prestar ajuda”. Ações humanitárias   são essenciais, mas são pontuais, não mexem nas estruturas, não tiram de cima da ponte os que jogam ao rio os bebês. Já em 1916, Paul Harris, o fundador do Rotary International, talvez a mais longeva dessas organizações,

NÃO HÁ BELA SEM SENÃO

Por Danilo Sili Borges Começo a crônica desta semana, lembrando entrevista de Ozires Silva, chamo-o assim, por escolha dele mesmo, que a prefere aos títulos de engenheiro aeronáutico, coronel da Força Aérea, ou ministro, tratamento usual aos que ocuparam qualquer ministério da República, não por desprezar essas importantes qualificações, mas pela modéstia que se percebe no entrevistado, cortês e com bom humor, qualidade que vai se tornando rara nas entrevistas feitas pelas nossas emissoras de televisão. Ouvir Ozires Silva é receber lição de brasilidade e de bom senso por quem tem a autoridade de muitas realizações, dentre as quais a de ter sido o criador da Embraer e, de anos depois, privatizá-la, possibilitando que a empresa se tornasse uma das principais construtoras de aeronaves do mundo. E isso não é pouca coisa. O entrevistado contou que, num jantar comemorativo na Suécia, teve a oportunidade de estar à mesa com membros do comitê que confere anualmente o premio Nobel e apr

PORTUGAL ESTÁ NA MODA

Por Danilo Sili Borges “Jardim da Europa à beira mar plantado“, assim era vista aquela parte da Península Ibérica, em 1862, por Tomás Ribeiro, em seu poema A Portugal. Há alguns dias, numa parada para o café, em reunião da Câmara de Comércio Brasil-Portugal, ouvi de companheiro português, que tem atividades lá e cá – cidadão das duas pátrias – observação que, desde então, me tem feito refletir: –   Portugal está na moda. Vejam: por aqui, até desapareceram as “piadas de português”. É verdade! Dei-me conta de que nos últimos tempos não tenho ouvido nenhuma dessas histórias inventadas que exploram a ingenuidade e a simplicidade do saloio, o homem do campo português, estereótipo do nosso avô, que imigrou para o Brasil até meados do século XX. A brincadeira pegou, como outras que caracterizam gaúchos como machistas, cariocas como gozadores, paulistas como cheios de pressa, mineiros como desconfiados. Nada para menosprezar ou ferir. Na longa convivência com os lusitanos, parent

ACABOU A DORMÊNCIA POLÍTICA

Por Danilo Sili Borges Organismos da natureza e mesmo mecanismos criados por mão humana, em geral, funcionam por ciclos: períodos de atividades intensas, sucedidos por outros moderados, em certos casos quase imperceptíveis. Nos climas frios, algumas espécies animais conservam suas energias nos longos invernos, nos sonos da hibernação, que lhes garantem a sobrevivência e que eu, imaginativo como sou, penso que têm tempo para serem tomados por sonhos com um porvir melhor, a começar na próxima madrugada sazonal. Novos ciclos, novas esperanças. As plantas entram em dormência, algumas espécies perdem folhas e flores e mostram seus galhos nus, fazendo-nos pensar que morreram, como o ipê roxo, que floresce em Brasília entre junho e julho. Depois é a galharia seca rasgando o céu do cerrado, no grito sentido, silencioso das árvores. Logo, a vida rebrota verde, no máximo da senoide, que se replica a cada ano. O nosso mundo político esteve nas últimas semanas em dormência para ganhar