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Mostrando postagens de outubro, 2021

DIA DO SERVIDOR PÚBLICO

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  Às quintas-feiras, começo a garimpar o assunto para a crônica do fim da semana, que, no sábado, repasso ao Jornal Tribuna de São Paulo e ao Jornal Impacto de Vitória da Conquista e, no domingo, para as ferramentas das redes sociais. Hoje, ao ligar o computador, recebi a mensagem que nesta data, 28 de outubro, comemora-se o Dia do Servidor Público. Como professor de universidade pública federal, sempre me intitulei, com honra, de funcionário público. Hoje caiu a ficha e descobri que desde 1988, com a Constituição cidadã, o termo deixou de ter sentido. A partir de então, os que servem ao Estado seriam denominados – com perfeita propriedade – Servidores do Estado. Comecei a escarafunchar para ter assunto e vi que abrigado nesse título estão os que trabalham na administração direta, concursados ou com outros vínculos, os empregados públicos, os que lidam em empresas públicas e autarquias, os comissionados em cargos de confiança e vai por aí. Um cesto variado a compor essa grande cate

TRABALHO E DIGNIDADE

  TRABALHO E DIGNIDADE Sou, há muitas décadas, morador de um mesmo endereço. Tenho “clientes”, como eu os denomino, que em períodos, mais ou menos, regulares batem à porta solicitando ajuda. Muitos, os conheço de longa data e, eventualmente, deparo-me com eles em regiões diversas da cidade, pedindo esmolas que lhes garantem a sobrevivência. Quase todos demonstram algum tipo de deficiência ou idade avançada, e aos quais ninguém se dispõe a empregar. Um desses “clientes” foge ao estereotipo acima. É o Paulo. Aparentando 50 anos, saudável, bem articulado, ele aparece uma vez por semestre. Ao ser atendido, pede para falar comigo, se perguntado sobre o assunto ele diz que se trata de algo particular. A conversa desenvolve-se no script semestral: “Prof. Danilo, o senhor está se lembrando de mim, fui vigilante da casa de frente?”, referindo-se a casa vizinha que por certo tempo esteve alugada para uma embaixada que mantinha vigilância por 24 horas. Antes que eu pudesse responder, Paulo

NEYMAR JR, NOSSO ESPELHO

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  São quatro horas da manhã. Sento-me para iniciar a crônica deste fim de semana ainda sob a forte e boa impressão que a seleção brasileira me deixou há poucas horas no jogo contra o Uruguai, nosso tradicional adversário e pelo qual a minha geração tem um temor indelével. Sempre haveremos de ter medo de que de um momento para o outro, surja no campo, comandando as ações do esquadrão azul, o grande capitão de 1950, Obdúlio Varella, e o leve outra vez a vitória improvável. Cada time, assim como cada exército, sabe que deve suas melhores vitórias a condução de seu líder, de seu comandante. Ao terminar o jogo, liguei para um dileto amigo, que não declinarei o nome, meu parceiro de sofrimentos com a fidelidade que temos pelo Vascão, e recebi dele, como resposta, o balde de água fria: “Também, o Uruguai está um bagaço”, com o que não concordei e retruquei que quando os dois contendores estão ruins o jogo é medíocre e que não foi o que aconteceu. O Brasil jogou um “bolão”, Neymar foi o

PARAÍSOS FISCAIS E FUTEBOL

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  A semana finda foi plena de notícias fora do usual no futebol e na economia. No esporte, uma agressão brutal de um atleta que, insatisfeito com a marcação de uma jogada irregular, inicialmente esmurrou o árbitro, que caído recebeu do atleta violento chute na cabeça. A tentativa de homicídio foi televisionada para todo o país e repetida pelo mundo afora. Esta foi a mais brutal das cenas que vi em arenas futebolísticas, mesmos nas informais da minha meninice na Engenhoca, bairro de Niterói, onde a praça principal, por motivos óbvios, era conhecida, na época, por Largo da Morte, e que por insistência do meu avô, ao ali se instalar como comerciante, passou a ter oficialmente o nome de Largo de São Jorge, denominação, que penso, tenha até hoje. Na economia, volta da inflação fora do controle, gasolina acima de R$7,00, desemprego, eleições comandando planos e ações. Uma lástima. Mas, nada que o couro calejado do sertanejo, do gaúcho, do ribeirinho, do candango, dos habitantes das perif

SINDICATOS E PARTIDOS

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  O funcionamento da sociedade democrática é complexo e só se dá harmonicamente pela manutenção da isonomia e pelo respeito devido aos representados, isto é, às parcelas da população que procuram abrigo e oportunidade de se manifestar em conjunto por meio de suas entidades de representação coletiva. A supressão ou a inviabilização operacional de qualquer dessas representações altera o jogo político e pode significar manipulação por parte dos que eventualmente ocupam o poder. A Reforma Trabalhista de 2017, aprovada no governo Temer, teve essa característica ao retirar o caráter compulsório da Contribuição Sindical como previsto desde a Consolidação das Leis Trabalhistas, em 1943, e que mantinha de pé o sistema sindical do país, player importante no tabuleiro das suas decisões estratégicas desde então. Refiro-me, na realidade, ao modo abrupto pelo qual a contribuição deixou de ser compulsória. Como profissional da engenharia participei do grupo que fundou o Sindicato dos Engenheiros