RAJA MORREU. A ESPERANÇA NÃO
Por Danilo Sili Borges Quando ainda era muito menino, ouvi dizer que a Esperança é a última que morre. Fiquei preocupado por não saber quem cuidaria da vovó Raja, árabe, síria, pois pelo que ouvi todos iríamos morrer antes dela. E isso não demoraria a acontecer, ela estava muito velhinha. Em árabe raja é esperança, palavra comum para designar meninas. Garotos, aprendíamos termos em árabe e em português sem, num primeiro momento, chegarmos a distinguir as suas origens. Penso que logo compreendi as coisas certas. Raja morreu assistida, não foi a última e nós ficamos, crescemos e nos reproduzimos numa imensa família. Só os que estão hoje muito velhos ainda se recordam da Vó Esperança. Raja morreu. Era uma pessoa com seus ideais quando trouxe seus filhos para o distante Brasil. As pessoas morrem, os ideais nem sempre. A Esperança pode ser a última a morrer, ou até não morrer nunca. Homens íntegros devem cultivá-la em valores humanísticos superiores, como, por exemplo, na Justiça