Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2019

RAJA MORREU. A ESPERANÇA NÃO

Por Danilo Sili Borges Quando ainda era muito menino, ouvi dizer que a Esperança é a última que morre. Fiquei preocupado por não saber quem cuidaria da vovó Raja, árabe, síria, pois pelo que ouvi todos iríamos morrer antes dela. E isso não demoraria a acontecer, ela estava muito velhinha. Em árabe raja é esperança, palavra comum para designar meninas. Garotos, aprendíamos termos em árabe e em português sem, num primeiro momento, chegarmos a distinguir as suas origens. Penso que logo compreendi as coisas certas. Raja morreu assistida, não foi a última e nós ficamos, crescemos e nos reproduzimos numa imensa família. Só os que estão hoje muito velhos ainda se recordam da Vó Esperança. Raja morreu. Era uma pessoa com seus ideais quando trouxe seus filhos para o distante Brasil. As pessoas morrem, os ideais nem sempre. A Esperança pode ser a última a morrer, ou até não morrer nunca. Homens íntegros devem cultivá-la em valores humanísticos superiores, como, por exemplo, na Justiça

UM NOBEL PARA O BRASIL

Por Danilo Sili Borges Não termos sido agraciados com um Nobel em qualquer das suas modalidades é uma das frustrações nacionais. Somos, afinal, país com expressão: a quinta população do planeta, oitava economia, diversas universidades de qualidade, número elevado de publicações acadêmicas em revistas especializadas de alto conceito e não sermos reconhecidos ao mesmo nível de países com muito menos qualificações que o nosso, que já foram laureados várias vezes, soa como discriminação. É possível que o esperado evento esteja para ocorrer. No meio político, surge a esperança de que venhamos a ganhar, em breve, o Nobel de Economia. Para tal finalidade se uniram as mais díspares tendências ideológicas e políticas. Nada como um objetivo comum para uni-las. Requisitos para alcançar o sucesso, sabemos, nesse caso, são originalidade do tema e aplicabilidade ao bem estar da humanidade. O mais importante, no entanto, é significar avanço no conhecimento humano, um alargamento na fronteira d

ECONOMIA DE LEIGO PARA LEIGO

Por Danilo Sili Borges O cronista é um abusado. Dá palpites em tudo, coberto pelo direito de ser cidadão comum e de se expressar nessa humilde condição, falando do que vê, do que sente e do que a vida lhe ensinou. Afirmam que os mais bem preparados soldados são os que tiveram treinamento na selva.    Não tenho formação específica em economia, mas brasileiro com cabeça cinza, certamente teve, como eu, que sobreviver na agressiva e dolorida situação cheia de armadilhas, por longos anos, na Selva Econômica do Brasil, sempre pegando fogo. Tivemos Delfim & Simonsen, não sei se como instrutores ou inimigos, e aprendemos a não acreditar em ninguém. Entendemos a inutilidade da heterodoxia econômica com Sarney, Funaro, Maison, Bresser e outros. Lição top foi, mesmo, como tomar todo o dinheiro de um país numa noite de verão, pela dupla Collor e Zélia. Ficamos peritos em overnight, câmbio, exportação, mercado financeiro. Perdemos tudo no golpe da Coroa Brastel, tentando sobreviver à

MEDICINA PALIATIVA

Por Danilo Sili Borges Sempre tive predisposição negativa em relação à palavra paliativo . O seu sentido de ficar pela superfície, de não ir às causas, às raízes, contrasta com a minha maneira de ser, com a minha intenção de querer resolver qualquer situação logo que surge. Paliativo era, para mim, coisa de quem quer postergar, “empurrar com a barriga”, “deixar como está para ver como é que fica”. Ao me aproximar dos 80, como pessoa prudente que sou – ou acho que sou – as coisas estão mudando. Com os receios naturais do inevitável porvir, comecei a observar e refletir sobre como amigos que me antecederam na caminhada têm enfrentado as proximidades da linha de chegada. Sei que algum leitor vai abandonar por aqui a leitura e dizer para si mesmo: “Seja o que Deus quiser”. Eu sou menos corajoso e quero estar no comando até o último sopro. Como a ocorrência é inevitável, procurei ir me acostumando com a ideia. Acho mesmo que a natureza nos vai preparando, por meio das nossas taxas

OS LIMITES DO GLOBALISMO

Por Danilo Sili Borges Um antigo e politicamente incorreto ditado apregoa, em uma de suas partes, que “melancia doce ........ ninguém come sozinho”. Isso é um recado chulo aos donos   – ou enamorados –   de belezas ou riquezas excepcionais, para que delas cuidem com zelo e denodo, evitando se verem privados da desejável fruta. A Amazônia é um desses casos. A cada dia o planeta torna-se menor para sua população, que se aproxima dos dez bilhões de habitantes e para os meios de comunicação que nos ligam, uns aos outros, instantaneamente, bastando ter acesso ao celular. A moda é o Globalismo, hoje visto com grande desconfiança, apesar de trazer na sua raiz mensagem positiva. Qual humanista, ou ser humano consciente, não gostaria de ter o Planeta Terra, como o seu país natal? Todos gostariam de ver abolidos os preconceitos. Ver negros, amarelos, brancos e humanos das diversas procedências, religiões e línguas sentirem-se irmãos.   Saber que atletas brasileiros negros podem jogar na